Agora sou uma LEED AP BD+C

Em 2012 conheci o LEED, um sistema de orientação e certificação para o projeto e construção de edifícios sustentáveis, apresentado por uma arquiteto amigo, e imediatamente me identifiquei, estudei, prestei a prova e me tornei uma LEED Green Associate, que demonstrava conhecimentos básicos sobre a sustentabilidade das edificações. Na época a versão do LEED era a 2009, hoje a versão que está valendo é a V4, muito mais exigente, como diz o nome do sistema, sempre liderando o mercado, elevando os padrões.
Com o tempo fui aprofundando os estudos, recebi 2 premiações, da Casa Cor e do Planeta Casa e há 3 meses prestei a prova para LEED AP BD+C, ou seja me tornei um profissional acreditado no sistema para projeto e construção de edifícios. No Brasil ainda somos poucos profissionais com esta expertise.
O BD+C engloba novas construções, Core and Shell(Núcleo e envelope), hospitais, escolas, prédios comerciais e residenciais, hotéis, shopping centers, lojas,armazéns e data centers, cada um destes com algumas particularidades, uma escola não pode ser tratada da mesma forma que um data center.
Os outros referenciais são ID+C,focado no Design de Interiores, que engloba os interiores comerciais, lojas e hotéis, O O+M, que é focado em operações e manutenção para edifícios existentes, escolas, lojas,hotéis, prédios residenciais multi familiares, data centers e armazéns e ainda o ND para bairros.
O LEED(Leadership in Energy and Environmental Design), uma certificação americana para empreendimentos e bairros sustentáveis, com seus referenciais específicos para cada tipo de construção ou situação, organizam de forma clara e objetiva, um roteiro a seguir para conquistar créditos, relacionados aos diversos aspectos da construção. A depender da pontuação obtida pelo atendimento destes créditos, a edificação, design de interiores ou bairro, recebe um selo demonstrando isto. Com 40 a 49 pontos atinge-se o nível Certified, 50 a 59 pontos o nível Silver(prata), de 60 a 79 pontos o nível Gold(Ouro) e a partir de 80 a 110 pontos, o nível máximo que é o Platinum(platina).
Os projetos que buscam a certificação LEED, devem atender todos os pré requisitos e escolher os créditos a serem conquistados.
Os créditos são organizados em categorias, localização e transporte,terrenos sustentáveis, eficiência da água, energia e atmosfera, materiais e recursos, qualidade do ar interno, inovação em design e créditos regionais.
São abordados desde a escolha da localização do terreno, proximidade dos meios de transporte, manejo das água de chuva, sistemas e equipamentos elétricos e hidráulicos, materiais a serem utilizados, dentre outros, tudo visando diminuir o impacto da edificação no meio ambiente.
Continuo meus estudos tanto no LEED quanto em outro sistema de certificação que é o Well BUilding, que na minha opinião complementa muito bem o LEED, pois foca no bem estar do usuário, e tem muitas sinergias.

Especificação Correta

Ao especificar um material para ser usado em uma construção, devemos levar em consideração vários aspectos. Deveremos levar em conta o tipo de uso, que manutenção terá, quantas pessoas vão usar, a que tipo de condições vão estar submetidos. Por exemplo ao especificar um material cerâmico, não é só a aparência que interessa, são varios aspectos, como segue neste trecho retirado do site do inmetro:

Características Físicas:

Absorção de Água

Um dos parâmetros de classificação das placas cerâmicas é a absorção de água, que tem influência direta sobre outras propriedades do produto. A resistência mecânica do produto, por exemplo, é tanto maior, quanto mais baixa for a absorção.

As placas cerâmicas para revestimentos são classificadas, em função da absorção de água, da seguinte maneira:

Porcelanatos: de baixa absorção e resistência mecânica alta (BIa Þ de 0 a 0,5%);

Grês: de baixa absorção e resistência mecânica alta (BIb Þ de 0,5 a 3%);

Semi-Grês: de média absorção e resistência mecânica média (BIIa Þ de 3 a 6%);

Semi-Porosos: de alta absorção e resistência mecânica baixa (BIIb Þ de 6 a 10%);

Porosos: de alta absorção e resistência mecânica baixa (BIII Þ acima de 10%)

A informação sobre o Grupo de Absorção deve estar presente na embalagem do produto e é de fundamental importância para que o consumidor selecione produtos que se adeqüem às suas necessidades, entre eles, o local onde será assentado. Para locais mais úmidos, como banheiros, por exemplo, recomenda-se a utilização de revestimentos com absorção de água menor e vice-versa.

É importante ressaltar que as placas cerâmicas classificadas como BIII, com absorção de água acima de 10%, são recomendadas para serem utilizadas como revestimento de parede (azulejo), justamente por possuírem alta absorção e, portanto, resistência mecânica reduzida.

Módulo de Resistência à Flexão e Carga de Ruptura

Essas características estão relacionadas diretamente à absorção de água do produto. São importantes, principalmente no caso de placas para revestimento de lugares que receberão cargas e veículos pesados, como garagens, por exemplo, ou seja, que necessitem de uma resistência mecânica maior.

Expansão por Umidade (EPU)

Esse fator é considerado crítico, principalmente, quando o produto se destina ao revestimento de ambientes úmidos, tais como piscinas, fachadas e saunas.

Produtos resultantes de uma etapa de queima incompleta, quando submetidos a diferenças extremas de temperatura, podem apresentar variações em suas dimensões (dilatação ou contração).

A expansão por umidade é uma das causas do estufamento e da gretagem.

Resistência ao Gretamento

O termo “gretamento” refere-se às fissuras da superfície esmaltada, similares a um fio de cabelo. Seu formato é, geralmente, circular, ou espiral, ou em forma de teia de aranha e é resultante da diferença de dilatação entre a massa e o esmalte. O ideal é que a massa dilate menos do que o esmalte.

A tendência ao gretamento é medida submetendo a placa cerâmica a uma pressão de vapor de cinco atmosferas, ou seja, a uma pressão cinco vezes maior que a pressão normal, por um período de duas horas.

Esse processo acelerado reproduz a EPU (Expansão por Umidade) que a placa sofrerá ao longo dos anos, depois de assentada.

6.3. Características Químicas:

Resistência ao Manchamento e Resistência ao Ataque Químico

Esses ensaios verificam a capacidade que a superfície da placa possui de não alterar sua aparência, quando em contato com determinados produtos químicos ou agentes manchantes.

Os resultados desses ensaios permitem alocar o produto em classes de resistência para cada agente manchante ou para cada produto químico especificado na Norma.

As classes, em ordem decrescente de resistência, são:

Ataque Químico
Classificação Definição
A Ótima resistência a produtos químicos
B Ligeira alteração de aspecto
C Alteração de aspecto bem definida

 

Manchamento
Classificação Definição
5 Máxima facilidade de remoção de mancha
4 Mancha removível com produto de limpeza fraco
3 Mancha removível com produto de limpeza forte
2 Mancha removível com ácido clorídrico/acetona
1 Impossibilidade de remoção da mancha

 

As não conformidades encontradas no ensaio de Resistência ao Ataque Químico, onde é simulada a utilização de produtos de limpeza (amoníaco, cloro e produtos ácidos), sobre o revestimento, estão relacionadas à composição do esmalte.

Em relação ao ensaio de Resistência à Manchas, as não conformidades são resultantes da queima incompleta da matéria-prima.

Se especificarmos o material, já estaremos contribuindo bastante para o meio ambiente, pois além de uma manutenção mais simples, terá um ciclo de vida mais longo, e desta forma, não precisará ser substituído rapidamente e não gerará resíduos desnecessários, na sua troca.

Como medir a sustentabilidade de uma edificação?

Não é uma tarefa fácil !! Quais as melhores escolhas? Para nos auxiliar nisto temos vários sistemas que orientam, medem e classificam o grau de sustentabilidade, cada um deles com seus métodos e exigências.

Vou fazer uma breve descrição  dos mais conhecidos:

O LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é um sistema de certificação e orientação ambiental de edificações. Criado pelo U.S. Green Building Council, é o selo de maior reconhecimento internacional e o mais utilizado em todo o mundo, inclusive no Brasil.

Além dos diferentes tipos e necessidades, a certificação também tem diferentes níveis de acordo com o desempenho do empreendimento como Silver, Gold e Platinum.

O sistema BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment Method), criado em 1990 na Inglaterra, foi o primeiro a oferecer um selo ambiental para edifícios. Várias outras metodologias surgiram depois para diferentes países, porém a maioria delas baseia-se BREEAM. 

Os principais diferenciais do BREEAM em relação às demais metodologias são:
- o rigor e profundidade de seus critérios, constantemente atualizados devido a sua estreita relação com pesquisas acadêmicas e análise laboratorial do ciclo de vida de materiais e sistemas;
- a sua adaptabilidade para ser aplicada em diferentes culturas, por utilizar-se de calibragens regionais para refletir questões de diferenças ambientais que afetam outras partes do planeta.

O High Quality Environmental standard HQE , originalmente conhecido como Haute Qualité Environnementale, por ter sido criado na França, é um certificado para construções sustentáveis. É baseado nos princípios de desenvolvimento sustentável estabelecidos pela Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92). A certificação é controlada pela Association pour la Haute Qualité Environnementale, com sede em Paris.

Processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental) é o primeiro referencial técnico brasileiro para construções sustentáveis.

O AQUA é a adaptação para o Brasil da HQE (Démarche HQE), da França e contém os requisitos para o Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE) e os critérios de desempenho nas categorias da Qualidade Ambiental do Edifício (QAE).
O Processo foi desenvolvido pelos professores da Escola Politécnica da USP e pela Fundação Vanzolini, e a sua certificação é realizada 100% no Brasil, por meio de auditorias presenciais com auditores capacitados na avaliação do desempenho das construções sustentáveis e experientes na realidade brasileira.

O  Living Building Challenge é uma filosofia, e um programa de certificação que promove a mais avançada avaliação da sustentabilidade das construções. Ela pode ser aplicada em todas as escalas, de prédios novos ou reformados, a infraestrutura, jardins e bairros.

O sistema  engloba sete áreas de performance, terreno, água, materiais, equity e beleza. E pode ser subdividido em mais vinte, cada um focado emu ma esfera específica de influência.

É um sistema muito mais intolerante, não podemos escolher que créditos iremos attender, temos que attender todos.

Como ja ouvi de um colega, o Living Building Challenge parece um LEED com esteróides.

Estes sistemas são muito importantes pois nos dão as diretrizes, orientações, nos mostram a cada ponto conquistado, que fizemos um bom trabalho.

Mas, para fazer um projeto sustentável, devemos, acima de tudo seguir nosso bom senso, não é necessário classificar e certificar,  isto seria apenas a cereja do bolo, o mais importante de tudo, é tomar a atitude correta.

Planeta Casa

O projeto Adega da Casa Cor 2012, já contemplado com Prêmio de espaço mais sustentável da mostra este ano, foi classificada como finalista do Prêmio Planeta Casa na categoria Design de Interiores.

Em sua 11º edição, o Prêmio Planeta Casa conta com seis categorias: Ação Social, Produtos de Decoração, Materiais de Construção, Projeto Arquitetônico, Design de Interiores e Empreendimentos Imobiliários. Puderam concorrer empresas, organizações não governamentais (ONGs), arquitetos, engenheiros, designers de produtos, designers de interiores, construtoras e incorporadoras.

Destacam-se entre os ítens de sustentabilidade do projeto,Iluminação em LED, que proporcionou uma economia energética de 75% em comparação a iluminação convencional, uso de materiais rapidamente renováveis como o bambu prensado do piso , e a lã do tapete, uso de materiais reaproveitados como madeira de demolição, peças com componentes reciclados como a mesa Água do designer Domingos Tótora, gerenciamento e destinação correta dos resíduos sólidos da obra, uso de papel reciclado para todo material de divulgação, uso de equipamentos com selo Procel, dentre outras atitudes.

O espaço de 80m2 foi dividido em 3 ambientes, a parte central seria a área de armazenamento e degustação de vinhos, com adegas de última geração em aço inox e iluminação de LED, que comportam mais de 600 vinhos,  uma bancada champanheira iluminada em mármore Carrara, e uma mesa de madeira de 3,5 metros de comprimento.Ao lado direito foi criada uma área de estar com home theater, e ao lado esquerdo uma área de jogos.

A atmosfera da adega seria um ambiente ao mesmo tempo sofisticado e descontraído, com materiais e tons neutros, que proporcionam um conforto visual , o tom festivo fica por conta do vermelho do lustre de murano e das cadeiras também vermelhas, em alusão ao costureiro Valentino ( a moda foi o tema da Casa Cor 2012) e os toques coloridos e divertidos ficam por conta das gravuras e fotos, dispostas ao longo de todo o espaço, nos nichos iluminados, dando unidade aos três ambientes .